O MORDOMO
E A
AUDITORIA FINAL
Mark Sweetnam
De todas as parábolas contadas pelo
Senhor Jesus, a parábola do mordomo
infiel, registrada em Lucas 16:1-8,
é, talvez, a mais difícil de interpretar. Os
comentaristas têm debatido a moralidade
da parábola – como o Senhor pode elogiar
as ações manifestamente injustas de seu
mordomo? Alguns respondem argumentando
que, para entender adequadamente a
parábola, precisamos trazer informações
culturais adicionais – fundamentando que o
desconto do mordomo representa a remoção
de uma taxa de juros cobrada ilegalmente
ou, alternativamente, que o mordomo
está simplesmente removendo sua própria
comissão do negócio. Ambas as abordagens
estão sujeitas à mesma objeção: as parábolas
geralmente não exigem que importemos
esse nível de informação cultural para
entender seus significados. De fato, uma das
características notáveis – embora não seja
uma surpresa – das parábolas contadas pelo
Senhor Jesus é sua capacidade de transcender
culturas e comunicar, de maneira clara, suas
mensagens, ainda que em lugares distantes e
mesmo que passado muito tempo.
De qualquer forma, essas tentativas de
esclarecer a moralidade da parábola se tornam
desnecessárias quando entendemos que o
mordomo é elogiado, não por seu caráter,
nem por suas ações, mas "por haver procedido
prudentemente" (v. 8). É sua sabedoria, ou,
melhor, sua astúcia que é elogiada. Esse
mordomo é apresentado a nós, não como um
modelo de probidade ou como um exemplo
ético, mas como um retrato da prudência.
Portanto, é a astúcia do administrador que
devemos imitar. E assim sendo, faríamos bem
em perguntar de que maneira o mordomo
foi astuto. A resposta é simples: ele usou
os recursos que estavam à sua disposição
por um período limitado de tempo para
garantir sua bênção a longo prazo. Ele estava
prestes a ser dispensado da sua mordomia.
Os auditores foram convocados, e ele sabia
muito bem que sua contabilidade não resistiria
ao escrutínio deles. Alguns dias, no máximo,
ou, provavelmente, apenas algumas horas
estavam disponíveis para ele fazer provisões
para o futuro. A qualquer momento, os
ativos do seu mestre seriam retirados do seu
controle, e ele não seria mais capaz de utilizálos
para melhorar sua condição. A situação
exigia uma atitude rápida e decisiva, e atitude
rápida e decisiva foi o que o mordomo tomou.
A urgência da situação é destacada para nós,
em suas instruções ao devedor do seu senhor:
“assentando-te já” (v. 6). No tempo cada vez
menor à sua disposição, ele usou os recursos
disponíveis para garantir seu futuro; é por isso
que seu mestre o chama de "prudente".
Como cristãos, nossa situação se assemelha à
do mordomo de várias maneiras significativas.
Assim como a ele, foram-nos confiados
recursos que não são nossos. No contexto
imediato da passagem, o foco é nos ativos
financeiros, nossa riqueza. É importante não
perder isso de vista; o nosso dinheiro não é
nosso, mas é confiado a nós por Deus. E, como
o mordomo, temos apenas um curto período
de tempo para exercer nossa mordomia.
Nenhum de nós sabe quando iremos ser
chamados a dar conta de nossa mordomia,
mas, mesmo que não seja agora, o tempo
que resta a nós é curto – vai se dissipando;
é desesperada e assustadoramente curto. E
assim como o conforto material do mordomo
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