Sofrimento | Page 15

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“ Você precisa se arrepender, Jó! Você é a questão aqui, ou não haveria todo esse problema.”
Zofar troveja:“ Você está cheio de conversa e merece o que está recebendo!”“ A luz de pessoas más como você deveria ser extinta!”
Pancada após pancada, Jó defende sua inocência e justiça diante de Deus e desabafa sua indignação de como ele chegara até aquele ponto. Ele realmente não sabe por que está sofrendo. No capítulo 32, Eliú prepara o cenário que dará a Jó as respostas que ele procura. Mais do que os três amigos, esse jovem aponta Jó para o caráter de Deus. Consciente da dor e do sofrimento, ele exalta a Deus e exorta Jó:“ A isto, ó Jó, inclina os teus ouvidos; atende e considera as maravilhas de Deus”( Jó 37:14).
Finalmente, com autoridade divina, Deus fala do redemoinho. Todas as reivindicações de Jó murcham e ele responde ao Senhor:“ Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido. Quem é aquele, dizes tu, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso, falei do que não entendia; coisas que para mim eram maravilhosíssimas, e que eu não compreendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu ensina-me. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza”( Jó 42:2-6).
A Realidade do Sofrimento Sofrer por coisas que podemos medir, compreendendo as justiças e injustiças que praticamos, é uma bússola poderosa. Nós mudamos nosso curso, consertamos relacionamentos e ajustamos as coisas entre nós e o Senhor. E esperamos que Satanás esperneie diante do progresso da obra de Deus. Mas sofrer por coisas que não podemos resolver, como Jó em sua desolação, leva ao verdadeiro desespero. As lamentações de Jó estão cheias de dúvidas, ansiedade, medo, saudade e confusão. O sofrimento emocional balança o físico, suga o ânimo e amplifica a dor. A imagem de Jó sentado em cinzas e raspando sua pele com telha quebrada já diz tudo. Estudando seus olhos vazios, suspiros apáticos e espírito quebrado, até seus amigos falantes retiveram a língua por uma semana.
Jó temia a Deus. Sua história nos diz que ele queria o que era certo e santo. Ele era um adorador e conhecia seu Senhor( Jó 1:1,5). Houve promessas, proteção e bênçãos. Deus era seu amigo( Jó 29:4). Dada a proximidade deles, não é de admirar que ele se sinta abandonado e sem esperança, após não conseguir sentir Deus nas trevas. Tudo o que Jó conhecia lhe dizia que Deus estava lá, na escuridão, mas onde? Ninguém pode ver nessas trevas. Não há palavras tranquilizadoras; seu choro ecoa no silêncio. A tentação de desistir de tudo – de sua esperança, dele próprio e até de seu Deus – parece grande. Essa é a realidade do sofrimento pelo desconhecido, e ninguém está imune.

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