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Salvo de quê?
Com muita frequência, quando a palavra“ salvar” ou seus derivados são lidos, o primeiro significado que vem à mente é o de resgate da penalidade do pecado no inferno. Isso é lamentável, pois uma simples consulta ao dicionário de Vine produziria vários conceitos para a palavra. Joseph Dillow estima que o conceito de salvação do julgamento do pecado está por trás de apenas cerca de 40 % dos usos no Novo Testamento, o que deixa a maioria de seus usos para representar conceitos diferentes, e a ideia apropriada para a palavra deve ser derivada do contexto. No caso da carta de Tiago, a palavra é encontrada em 1:21, 2:14, 4:12, 5:15 e 5:20. O público de Tiago são os cristãos, conforme evidenciado por seu chamado recorrente aos seus“ irmãos”. Além disso, o tom da carta é exortativo, não evangélico. Contextualmente, então, não é apropriado telegrafar um significado de salvação da penalidade do pecado no inferno para os usos de“ salvar” na lista acima. Cada um deles tem um significado mais provável de algum tipo de salvação prática na vida cotidiana.
Nem o destino eterno de Abraão nem o de Raabe dependiam da ação ou da manutenção das obras.
As obras de Abraão
Especificamente no caso de 2:14, Tiago está apontando que a fé sem obras não pode salvar no sentido de que não tem valor para você e para os outros. Ela não está sendo evidenciada por uma mudança de vida – não houve crescimento na experiência com Deus( considere o histórico de provações e tentações no capítulo 1). É por isso que a ilustração de Abraão é particularmente apropriada. Abraão foi justificado pela fé muito antes de oferecer Isaque no altar. Entretanto, a vida de fé de Abraão após a sua conversão é pontilhada de obras, culminando com a oferta magnífica de seu único filho. Claramente, sua fé foi útil para ele e para os outros, e resultou em sua fama de
“ amigo de Deus”( 2:23). A fé de Raabe no Deus de Israel também foi
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