AS GARRAS DA DÍVIDA
empréstimos escolares, despesas médicas
e gastos operacionais básicos aumentam
rapidamente. Eventos trágicos ou catastróficos
podem arruinar décadas de investimentos
inteligentes. A Bíblia nos assegura que
tesouros terrestres podem ser perdidos
repentinamente. A dívida pode apoderar-se
rapidamente de velhos ou jovens, solteiros ou
casados, e até de sábios e tolos.
A viúva em 2 Reis 4, enlutada de seu marido,
que temia a Deus, foi encontrada em
circunstâncias muito difíceis. O prazo se findou,
e o credor veio cobrar, e ele não iria embora de
mãos vazias. Dívidas podem forçar as pessoas
a fazer qualquer coisa para amenizar ou reduzir
o débito. Para ela, a perda era inimaginável
– perder seus filhos para a escravidão. A
pressão era, certamente, insuportável. Mas
foi o seu clamor que deu início ao capítulo,
e foi esse clamor que chegou a Eliseu. Ele
respondeu com um plano consistente, se
valendo do que ela tinha disponível para quitar
a dívida. De uma botija de azeite, que Deus
milagrosamente preservou, ela encheu muitos
outros vasos vazios. Vendendo esse estoque
abundante, o profeta lhe disse para pagar sua
dívida e viver do resto. Deus providenciou o
azeite, e ela e seus filhos o distribuíram nos
vasos. Trabalhando em conjunto, a família foi
preservada.
Embora não fosse um empréstimo comum,
Jacó certamente conhecia o peso, as
obrigações e a carga emocional de liquidar
dívidas. Depois de sair de casa e se apaixonar,
Jacó estava disposto e confiante em "pagar
adiantado", trabalhando sete anos antes de
receber a sua noiva e se casar. Mas então
ele foi enganado quando Labão trocou as
filhas sob o véu do casamento. Para lucrar
mais do amor de Jacó por Raquel, Labão
entregou sim a filha mais nova, mas o obrigou
a outros sete anos de labor. Dessa vez, Jacó
estava pagando depois de possuir, e sentiu a
frustração e o fardo de dever tempo e trabalho
à outra pessoa. Labão também era um credor
traiçoeiro que, segundo Jacó contou para suas
esposas, lhe "enganou e mudou o salário dez
vezes" (Gênesis 31:7). Jacó parecia se lembrar
de todos os dias e longas noites, e relatou
com detalhes expressivos a exaustiva labuta
e a responsabilidade pesadíssima que sentia
ao trabalhar para "saldar" sua dívida, que
ainda continha taxas aparentemente ocultas
e variáveis. Jacó foi astuto em enganar sua
família para receber as bênçãos, mas agora
cumpria obedientemente os catorze anos
completos pelas filhas de Labão, mais seis
pelo rebanho. Ao final, ele apreciou que Deus
estava com ele em tudo isso e que "Deus
atendeu à minha aflição e ao trabalho das
minhas mãos" (Gênesis 31:42).
Alguns podem simpatizar com o jovem em
2 Reis 6. Aqui, estava um outro profeta fiel
trabalhando com outros para expandir a sua
residência. Enquanto cortava uma árvore
perto do rio Jordão, que era propenso a
inundações, a cabeça do machado que ele
estava usando caiu na água e se perdeu. O
profeta trabalhador, que procurou ajudar
com ferramentas emprestadas, sentiu o
peso instantâneo e a ansiedade da perda
irrecuperável. Sua exclamação: "Ai! Meu
senhor! Porque era emprestado" (v. 5),
expressou o clamor do coração de quem
acabara de perceber que possuía uma dívida e
uma obrigação para com o credor. Mais uma
vez, Eliseu respondeu a esse clamor, e o ferro
do machado, milagrosamente, nadou e foi
recuperado. Nos três exemplos, a mão de Deus
e a mão do homem são vistas trabalhando para
recuperar os prejuízos.
Muitos sentem o sufoco das garras da dívida
hoje. E, enquanto as causas podem variar,
Deus ouve o desespero da viúva e conhece
a situação difícil, o apuro do trabalhador. O
mesmo homem que escreveu: "A ninguém
devais coisa alguma, a não ser o amor com que
vos ameis uns aos outros" (Romanos 13:8),
ofereceu-se para pagar as dívidas, ainda que
de furto, que o outrora escravo, Onésimo,
devesse a Filemom. A única dívida perpétua
que Paulo prevê para os crentes é o amor, que
deve ser pago continuamente um ao outro.
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