Nosso Deus | Page 9

DEUS É UM o primeiro e grande mandamento" (Mateus 22:37-38, ênfase adicionada). Além disso, Ele não parou por aí, continuando a dizer: "E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas" (Mateus 22:39-40). Esse manejo especializado da Lei introduz com maestria o segundo sentido em que falamos sobre a unicidade de Deus. O Senhor Jesus mostrou que a afirmação de que Deus é Um também deve ser entendida qualitativamente. Ou seja, afirma a absoluta indivisibilidade de Deus e descreve a perfeita e harmoniosa consistência de toda a Sua Pessoa e obra. Por inferência, reivindicar amor a Deus, como exigia o Shemá, e ao mesmo tempo nutrir pensamentos maus contra o meu próximo é contrário à unidade da Lei. Destacando que este não é apenas o "grande" mandamento, mas também o "primeiro" de uma série consistente – uma parte de um todo – o Senhor afirmou que a Lei é uma porque o Legislador é Um. Essa consistência perfeita é ainda mais maravilhosa quando consideramos a revelação bíblica de que há três personalidades distintas que são Deus e que existem como Um todo harmonioso. O fato de que os Três são Um em essência eterna, importância, vontade e propósito, mas absolutamente distintos em pessoa e função, está claramente implícito, frequentemente afirmado, mas nunca explicado nas Escrituras. Cremos nisto pela fé, desfrutamos e somos edificados. Em verdade, devemos tomar cuidado com todas as tentativas de explicar ou ilustrar o mistério da Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – pois todas são inevitavelmente inadequadas e muitas vezes levam a erros. Por exemplo, em uma extremidade do espectro do erro estão aqueles, como "Pentecostais Unicistas" e outros, monoteístas que adotam variações da antiga heresia do "sabelianismo" – que Deus é uma pessoa, que apenas aparece em formas diferentes. Cuidado com a analogia "geloágua-vapor"! No outro extremo do espectro estão aqueles que acreditam em três (no caso dos mórmons, mais de três) deuses separados. Cuidado com a analogia da cascaclara-gema do ovo! De fato, não aceitando a doutrina da Trindade, os muçulmanos acusam os cristãos de serem triteístas – que acreditam em três deuses, não em um. Em algum lugar no meio há equivalentes arianos dos dias modernos, como as chamadas "Testemunhas de Jeová", que ensinam a heresia que Cristo é uma divindade menor criada. Contudo, como o Senhor Jesus afirmou, a verdade da unicidade de Deus não é apenas inesgotavelmente profunda, mas intensamente prática. Como as Três Pessoas da Trindade são inteiramente Uma em santa vontade e propósito, também devemos ser um com Eles. Assim como a Deidade não existe em partes fragmentadas, também não há espaço para incoerências hipócritas e compartimentadas na vida de um cristão. Com efeito, nossos relacionamentos entre si devem ser caracterizados pela mente humilde e amorosa de Cristo, para que nossa profissão de amor a Deus não seja um anel vazio de hipocrisia. Finalmente, na véspera de Sua crucificação, Ele orou por Seus discípulos: "[...] para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste [...] para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim" (João 17:21-23). Na realidade, o amor mútuo no corpo de Cristo é uma prova incontestável de nossa unidade com Cristo e de Sua reivindicação de ser um com o Pai que O enviou. Vamos vivê-lo! 9