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Fé A Centelha DA REFORMA
Em 1505, Martinho estava voltando para Erfurt quando uma violenta tempestade começou, fazendo-o temer por sua vida. Instintivamente, ele clamou a Santa Ana, a santa padroeira dos mineiros de carvão( o pai de Martinho era um mineiro). Sua oração era que, se ela o ajudasse, ele se tornaria um monge. A tempestade diminuiu e Martinho manteve sua palavra. Ele abandonou seus estudos universitários em direito e entrou em um mosteiro agostiniano.
Em sua busca pela graça de Deus, Martinho Lutero fez tudo o que era humanamente possível para alcançá-la. Ele jejuava por dias seguidos, recusava cobertores à noite e quase morria congelado ao fazer penitência. Muitas vezes, espancava seu corpo pensando que esse sofrimento conquistaria o favor do Todo-Poderoso. Ele se confessou tantas vezes que, finalmente, o padre lhe disse para sair e cometer um pecado que valesse a pena confessar ou que parasse de vir. Mais tarde, ele escreveu:“ Se algum monge chegasse ao céu por sua‘ mongeria’, esse monge seria eu. Se eu tivesse continuado por mais tempo, teria me matado com vigílias, orações, leituras e outras obras”.
Um dia, em 1508, em seu pequeno quarto, ele estava lendo o livro de Romanos e chegou a 1:17:“ O justo viverá pela fé”. Ele refletiu sobre essa possibilidade. Será que somente a fé era suficiente?
Em 1510, ele foi enviado a Roma para apelar por uma reforma entre os monges agostinianos. Lutero ficou em êxtase. Certamente, visitar a cidade santa traria a paz que ele buscava. Ele visitou todos os santuários que pôde encontrar na cidade, chegou até a subir a Scala Santa, a famosa escadaria trazida para Roma no século IV, com a fama de serem os mesmos degraus que Cristo subiu na sala de julgamento de Pilatos. Lutero sabia que indulgências haviam sido prometidas para cada degrau subido por um peregrino de joelhos, mas sua visita a Roma terminou e Martinho Lutero partiu ainda sem paz.
Enquanto fazia parte do corpo docente da Universidade de Wittenberg, Lutero deu palestras sobre Romanos, onde foi confrontado com aquele texto novamente:“ O justo viverá pela fé”. Mas agora ele tinha de ensinar o que isso significava. Logo a luz da verdade de Deus o atingiu, muito mais poderosa do que a tempestade que o havia derrubado anteriormente. Somos salvos somente pela fé em Jesus Cristo, não por esforços humanos( Efésios 2:8-9). Mais tarde, ele escreveu:“ Comecei a entender que a justiça de Deus é aquela pela qual o justo vive pela fé. Aqui senti que havia nascido de novo e entrado no próprio paraíso por portas abertas”. Lutero obteve a paz que buscava porque a justificação é pela fé( Romanos 5:1) e não pelas obras.
E assim foi acesa a centelha da Reforma. Logo as 95 teses de Lutero seriam afixadas na porta da igreja do castelo, e toda a Europa seria incendiada com a exposição do seu entendimento bíblico da justificação pela fé. Jamais renunciemos à preciosa verdade que Lutero e outros recapturaram, de que a salvação“ é pela fé, para que seja segundo a graça”( Romanos 4:16).
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